O resultado da lei que proíbe canudos de plástico em bares, restaurantes e lancherias já é sentida no centro de Pelotas. Em vários estabelecimentos não são mais encontrados os canudinhos nas mesas e balcões. Uma lei aprovada em julho do ano passado pela Câmara de Vereadores proibiu a utilização do produto. Aos comerciantes, era dado um prazo de seis meses para adaptação às mudanças. A lei é válida desde janeiro deste ano.

Quem desobedecer a norma pode ser multado mas, no município, a responsabilidade pela fiscalização ainda não está definida. "Possivelmente será a Vigilância Sanitária", comenta o diretor do departamento, Franklin Neto. No momento, explica, a unidade orienta e divulga a existência da lei entre os proprietários dos estabelecimentos visitados pelo órgão, ligado à Secretaria Municipal da Saúde (SMS).

Os proprietários podem ser multados com uma tonelada de ração para cachorros do Canil Municipal ou uma tonelada de ração para cavalos da Hospedaria dos Grandes Animais, ligada à prefeitura, prevê a lei. No entanto, não é estabelecido o órgão responsável por este controle, o que deve ser definido nos próximos dias, conforme manifesta Franklin Neto.

Em um giro entre os estabelecimentos do centro da cidade, a mudança já é perceptível. Em bares do Mercado Central, por exemplo, o suporte para guardanapos e canudos disposto nas mesas contém, hoje, apenas o modelo de papel. Entre os empresários da área, a mudança foi natural, explica o integrante do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Pelotas (SHRBS), Carles Stigger. "Desde quando a lei foi aprovada e divulgada na imprensa, a gente já tinha começado o processo de não oferecer mais aos clientes", conta.

Entre os empresários a ideia foi aceita, mesmo que o novo material tenha custo elevado em comparação ao plástico. Antes, conta, todos os copos de suco continham o canudo. Hoje, só é oferecido o de papel - apenas se o cliente solicitar. "Fica mais caro, mas ao mesmo tempo estamos ajudando o meio ambiente", diz.

Difícil de encontrar
É cada vez mais difícil encontrar um estabelecimento que ofereça canudos no centro da cidade. Naqueles visitados pela reportagem na manhã de ontem, apenas um café no Mercado Central oferecia biodegradáveis. A proprietária Francine Venzke considera correta a proibição, no entanto vê contradições por não contemplar os copos de plástico. "Não tem lógica, mas já é um início", fala, relacionando a medida com benefícios ao meio ambiente. Gerente de um estabelecimento na área central, Lídia Silveira diz que os clientes ainda passam por adaptações, principalmente com sucos. "Hoje a gente serve sem canudo, aos poucos as pessoas vão se adaptando", relata.

Em outros cinco estabelecimentos visitados ontem, os proprietários e gerentes avaliam se vão abolir totalmente os canudos ou se passarão, conforme a demanda, a oferecer utensílios de papel ou de material biodegradável.

Sacolas e copos
Tramita também no Senado Federal uma lei que proíbe a comercialização de sacolas e outros utensílios de plástico. Caso seja aprovada no Congresso Nacional, fica proibida a comercialização, fabricação, distribuição e importação de produtos com este material. A medida também busca atacar micropartículas de plástico, presentes em cremes esfoliantes e maquiagens, que causam danos em oceanos e rios. A lei é proposta através de uma sugestão de um cidadão, que obteve mais de 24 mil assinaturas de apoio à iniciativa.

A lei
Obriga restaurantes, lanchonetes, bares e similares, barracas de praia e vendedores ambulantes a ofertar apenas canudos feitos com material biodegradável.

Punição
Multa de uma tonelada de ração para cachorros ou uma tonelada de ração para cavalos, direcionados ao Canil Municipal e à Hospedaria dos Grandes Animais. Em caso de reincidência, a multa dobra para duas toneladas.

Denúncias
156 - Ouvidoria Municipal